associe-se
publicado em 2025-06-10
Utilidade Pública - ''INFORMAÇÃO GERA EMPATIA.'' Censo 2022 aponta: Foz do Iguaçu tem mais de 4 mil pessoas autistas.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou um dado inédito e importante sobre Foz do Iguaçu. Segundo os resultados do Censo Demográfico 2022, o município conta com mais de 4 mil pessoas com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Esta é a primeira vez que o Censo brasileiro inclui informações específicas sobre o autismo, o que representa um avanço significativo para o mapeamento e a criação de políticas públicas voltadas a essa população.
Os dados mostram que a presença de pessoas com TEA em Foz do Iguaçu é expressiva e exige atenção do poder público e da sociedade. Especialistas destacam que o diagnóstico precoce e o acompanhamento especializado são fundamentais para o desenvolvimento e a qualidade de Com o aumento da conscientização nos últimos anos, muitas famílias buscaram diagnósticos e apoio especializado. No entanto, o acesso a serviços de saúde, educação inclusiva e assistência social ainda é um desafio para grande parte dos autistas e suas famílias na cidade.
Para entidades que atuam na defesa dos direitos das pessoas com deficiência, os números reforçam a necessidade de investimentos em políticas de inclusão, capacitação de profissionais da rede pública e ampliação dos atendimentos especializados.
O Censo 2022 marca um novo momento para a compreensão da realidade das pessoas com TEA no Brasil. Em Foz do Iguaçu, o desafio agora é transformar os dados em ações efetivas que garantam dignidade, inclusão e qualidade de vida para todos.
Foz do Iguaçu ocupa a sexta posição entre as cidades do Paraná com maior número absoluto de pessoas autistas, ficando atrás apenas de Curitiba, Londrina, São José dos Pinhais, Cascavel e Maringá. Em termos percentuais, o município aparece na 20.ª colocação estadual, enquanto Guaratuba lidera com 2,3%.
Quando é analisado o perfil dos diagnósticos em Foz, observa-se que a prevalência é maior entre homens (2.687) do que entre mulheres (1.463). O grupo etário de 5 a 9 anos concentra a maioria dos casos (793), e mais da metade das pessoas autistas (2.011) tem até 14 anos. Ainda assim, o diagnóstico se distribui por todas as faixas etárias, incluindo adultos e idosos.
Alexandro Castagnaro, coordenador de área do censo, explica que os dados coletados são autodeclarados pelos entrevistados. “O agente perguntava se algum morador do domicílio já havia recebido algum laudo ou diagnóstico de autismo por parte de um profissional de saúde”, esclarece.
O censo também revelou dados importantes sobre a escolaridade da população autista em Foz do Iguaçu. Entre os 1.581 moradores com 25 anos ou mais, 637 possuem ensino fundamental incompleto ou não têm instrução. Por outro lado, 430 concluíram o ensino superior, 371 terminaram o ensino médio e 143 têm ensino fundamental completo ou médio incompleto.
Segundo a psicóloga clínica Luisa Burt, organizadora do Grupo de Adultos Autistas de Foz do Iguaçu (GATEA), o aumento dos diagnósticos de autismo está relacionado à maior conscientização, ao aprimoramento das ferramentas de avaliação e à melhor preparação dos profissionais de saúde. No entanto, ela ressalta que o cenário ainda exige muitos avanços.
Luisa também informa que o número oficial pode estar subestimado, pois o espectro autista é amplo e apresenta grande diversidade de desafios e necessidades.
A profissional, especializada em Psicoterapia para Adultos Neuro divergentes e atua no acompanhamento de adultos autistas, realça que essa diversidade — aliada a fatores raciais, socioculturais, socioeconômicos, de gênero, afetividade e sexualidade — muitas vezes não é considerada nos processos de avaliação, embora isso seja essencial.
Ela complementa: “A ausência desse olhar ampliado pode dificultar a identificação de pessoas enquanto autistas. É preciso compreender o autismo em sua pluralidade. Pessoas autistas podem pertencer a qualquer faixa etária, gênero, classe social, raça, afetividade ou sexualidade.”
Além disso, outra dificuldade no diagnóstico de adolescentes e adultos é que, ao longo da vida, essas pessoas podem receber diagnósticos equivocados, tendo suas características autistas confundidas com as de outros transtornos. Mais um aspecto importante a mencionar são as barreiras de acesso aos serviços de saúde e a carência de profissionais capacitados.
Luisa Burt é responsável pela organização do Grupo de Adultos Autistas de Foz do Iguaçu (GATEA). O coletivo foi criado em maio de 2023 com o objetivo de proporcionar um espaço feito por adultos autistas para adultos autistas. O propósito principal é buscar promover o encontro de novas pessoas, troca de experiências e oportunidades de crescimento pessoal e desenvolvimento social.
Atualmente, o grupo reúne 95 integrantes e frequentemente recebe novos participantes. A maioria desses novos membros recebe o diagnóstico tardiamente — ou seja, são autistas que passaram despercebidos na infância e adolescência, sendo, em sua grande maioria, de nível 1 de suporte.
“Somos um grupo independente, de caráter informativo, instrutivo, recreativo e de suporte, voltado exclusivamente para maiores de idade com diagnóstico clínico de autismo e pessoas que estão em fase de avaliação pré-diagnóstica. Acompanhantes de suporte são bem-vindos sempre que necessário”, explica Luisa.
* Grupo de Adultos Autistas de Foz do Iguaçu (GATEA) foi criado em 2023 com o objetivo de proporcionar um espaço feito por adultos autistas para adultos autistas.
Foto: Instagram/Arquivo Pessoal.

Os encontros são anunciados no grupo do WhatsApp e no Instagram @gateafoz. Para participar, basta entrar em contato pelo Instagram para que se possa adicionar a pessoa ao grupo do WhatsApp. É necessário apresentar laudo, Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA) ou documento emitido por profissional de saúde comprovando que a pessoa está em investigação diagnóstica.
Os encontros acontecem a cada 15 dias e possuem duas modalidades:
“Informação gera empatia, empatia gera respeito.”
Com este tema, a campanha deste ano (2025) reforça a importância do conhecimento como ferramenta essencial para a inclusão, aceitação e o respeito às pessoas autistas.
A campanha e os números reforçam a importância de políticas públicas de inclusão, acesso à saúde, educação especializada e apoio às famílias.
O autismo não tem cara — mas precisa de espaço, respeito e direitos garantidos.
Agora que temos os dados, o desafio é transformar informação em ação.
#AutismoÉReal #FozInclusiva #Censo2022 #Autismo #TEA #Inclusão #DireitosHumanos #AutismoImporta
Fonte e Fotos: Vacy Álvaro - jornalista e coordenador do núcleo de Jornalismo de Dados/Infográficos do H2FOZ.