publicado em 2025-10-10
Brasil dá passo histórico e adere à Convenção TIR, marco para o transporte internacional de cargas.
Sistema adotado por quase 80 países deve reduzir custos logísticos, agilizar o trânsito aduaneiro e ampliar a integração com o Mercosul.
A Câmara dos Deputados aprovou, nesta quinta-feira (9), o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 655/25, que autoriza o Brasil a aderir à Convenção Aduaneira sobre o Transporte Internacional de Mercadorias ao Abrigo das Cadernetas TIR — conhecida internacionalmente como Convenção TIR. O texto, relatado pelo deputado Alex Manente (Cidadania-SP), segue agora para análise do Senado Federal.
O sistema TIR (Transports Internationaux Routiers) é um dos principais mecanismos globais de trânsito aduaneiro seguro e simplificado, criado sob a coordenação da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1949 e atualizado em 1975. Atualmente, a convenção é aplicada em quase 80 países, abrangendo rotas que interligam Europa, Ásia, Oriente Médio, África e Américas.
Na prática, o sistema permite que veículos e contêineres previamente aprovados pelas autoridades aduaneiras circulem entre diferentes países com menos burocracia, maior agilidade e mais segurança, mantendo o controle total sobre as cargas.
O processo é viabilizado pelas Cadernetas TIR, documentos padronizados internacionalmente que acompanham as mercadorias durante todo o trajeto, dispensando inspeções e fiscalizações repetitivas nas fronteiras.
Segundo o relator Alex Manente, a adesão representa “um salto de modernização para o comércio exterior brasileiro”, fortalecendo a competitividade das exportações e reduzindo entraves logísticos.
“O Brasil passa a integrar uma rede global eficiente e segura, com menor custo e tempo no transporte de cargas, especialmente nas rotas terrestres do Mercosul”, destacou o deputado durante a votação.
Para operar sob o regime TIR, é necessário que o país:
Aprove tecnicamente os veículos e contêineres utilizados no transporte;
Estabeleça um sistema internacional de garantias, que cobre eventuais falhas no cumprimento das normas;
Reconheça mutuamente os controles aduaneiros entre os países signatários; e
Mantenha o acesso restrito a transportadores previamente autorizados pelas autoridades competentes.
No Brasil, a implementação do sistema será coordenada pela Receita Federal, em conjunto com o Ministério dos Transportes e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), em parceria com a IRU (International Road Transport Union) — entidade responsável pela gestão global do sistema TIR.
Com a adesão, o governo espera reduzir significativamente o tempo e o custo das operações logísticas, especialmente nas fronteiras com Argentina, Paraguai, Bolívia e Uruguai, que concentram boa parte do transporte rodoviário internacional de cargas.
De acordo com estimativas da ONU, o uso do sistema TIR pode reduzir em até 80% o tempo de espera nas aduanas e diminuir em até 30% os custos logísticos para transportadoras e exportadores.
Além de impulsionar o comércio exterior, o TIR deve favorecer a formalização e a rastreabilidade das operações de transporte, ampliando a segurança e o controle fiscal das cargas em trânsito.
Após a aprovação no Senado, o governo brasileiro deverá ratificar o acordo internacional e regulamentar internamente as regras de adesão, definindo os operadores habilitados e os procedimentos de fiscalização.
A expectativa é que o Brasil inicie a fase de implementação piloto em 2026, com corredores prioritários entre os países do Mercosul e, posteriormente, a integração a rotas pan-americanas.
Saiba mais sobre a tramitação de projetos de decreto legislativo.
Fonte: Agência Câmara de Notícias
Reportagem: Ralph Machado
Edição: Wilson Silveira
Foto: Bruno Spada / Câmara dos Deputados